Com estreitos fios de água ou fartas e caudalosas, menos ou mais altas, menos ou mais pedregosas, mais escondidas ou mais óbvias, em várias pequenas quedas ou com uma só, certeira e definitiva, com poços mais ou menos profundos de água límpida: lugares de cachoeira são tão (ou mais) abundantes no Brasil quanto praias. Aqui, uma seleta de 10 destinos para curtir quedas d’água e se conectar com a natureza.
Lugares de cachoeira pelo Brasil:
BROTAS (SP)
A 250 km de São Paulo, Brotas é um município pacato e interiorano de pouco mais de 20 mil habitantes abençoado com arredores fartos em nascentes de rios. Múltiplas cachoeiras e corredeiras fizeram do lugar um point para esportes de aventura e um destino fácil para passar um fim de semana com a natureza para quem mora em SP.
Porque é legal: Pela proximidade com São Paulo e a quantidade enorme de cachoeiras com pouca gente à vista. Também convida a praticar atividades como rapel e rafting.
Onde ficar: A cidade tem pousadas simples como a Pé na Terra e a Caminho das Águas. Para quem viaja em família, há hotéis-fazenda como o Brotas Eco Resort. Outra ideia pode ser alugar uma casa ou xácara com os amigos no Airbnb nos arredores.
As melhores cachoeiras: A Fazenda Cassorova abriga três quedas d’água e recebe passeios de canionismo (como rapel e trilha pelo rio) – veja com a agência Território Selvagem. Já a Fazenda Pinheirinho guarda a impressionante Cachoeira do Martello, com 55 metros de altura, e a Cachoeira da Primavera, com 25 metros. O lugar conta com uma lanchonete simples, parquinho, vestiário e piscina. Das mais altas do estado de São Paulo, a Cachoeira do Saltão tem uma queda forte e certeira de 75 metros de altura. Pagando o day use da fazendo você pode ver essa também a Cachoeira Monjolinho e a Cachoeira Ferradura.
Não perca: É imperdível comer no Brotas Bar, onde botes e remos enfeitam as paredes de tijolos à mostra. As pedidas garantidas são porções como o bolinho de bacalhau ou o de queijo coalho com melaço, acompanhados pela cerveja artesanal local, a Brotas Beer.
Como chegar e circular: De carro.
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LUGARES DE CACHOEIRA
CHAPADA DOS VEADEIROS (GO)
A chapada mais mística do Brasil é também uma das mais acessíveis: está a penas 3 horas de Brasília. Sua área é imensa, mas o movimento turístico orbita redor das cidades de Alto Paraíso e São Jorge, separadas por cerca de 30 km. Além de restaurantes e eventos da comunidade riponga e esotérica que a habita/frequenta, há um sem-fim de cachoeiras acessadas por trilhas em meio ao cerrado impossível de ver em sua totalidade nem em uma, nem duas, nem dez viagens.
Porque é legal: Pela vibe, o acesso relativamente fácil e a natureza especialíssima.
Onde ficar: Em Alto Paraíso, há pousadas baratinhas como a Paralelo 14, intermediárias como a Meu Talento e chiquezinhas como a Casa de Shiva. Em São Jorge, veja a Alecrim do Campo e a Bambu Brasil. No meio do caminho há Airbnbs especiais como a Capim Estrela.
Melhores cachoeiras: Com visual chocante, a Catarata dos Couros se desdobra nos desníveis do Rio dos Couros, que adentra um cânion e forma uma paisagem estarrecedora. Um pouco antes da entrada para os Couros, Macaquinhos abriga um complexo com dez quedas ainda pouco visitado. Dentro do Parque Nacional ficam quedas como as dos Saltos. Um das mais frequentadas da chapada, a Cachoeira do Segredo tem uma bela queda entre a mata fechada.
Não perca: O pôr do sol no Morro do Buracão, na estrada entre Alto Paraíso e São Jorge.
Como chegar e circular: Voe para Brasília e alugue um carro – são 230 km até lá.
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CHAPADA DIAMANTINA (BA)
Ela dá um banho de natureza com cachoeiras imensas caindo entre cânions, grutas de água azulada e trilhas por montanhas de topo chapado onde a vegetação varia entre cerrado, caatinga, campos rupestres e até Mata Atlântica. A região é enorme e tem muitas bases possíveis; a mais óbvia delas é a cidade de Lençóis (BA), a 450 km de Salvador, mas quem tiver mais tempo deve ficar também na rústica Mucugê e na hippie Capão.
Porque é legal: É a rainha das chapadas e dona de uma das paisagens mais impressionantes do Brasil. Emana uma energia difícil de não sentir.
Onde ficar: Em Lençóis há pousadas chiquezinhas como a Estalagem do Alcino e opções mais em conta como a Canto no Bosque. Em Mucugê, a Pousada Mucugê tem quartos simples e café da manhã imbatível e a Monte Azul, um toque a mais de charme. No Capão, a melhor hospedagem é a Pousada do Capão; há mais baratinhas como a Pé no Mato.
Melhores cachoeiras: Próxima de Lençóis, a Cachoeira do Mosquito é uma boa introdução pra chapada, com caminhada fácil e queda bonita. Mais perto de Mucugê, a Cachoeira do Buracão á absolutamente imperdível, com uma queda dentro de um cânion. Para ver a Cachoeira da Fumaça, próxima do Capão, é preciso caminhar cinco horas (ida e volta): mas vale; ela tem mais de 300 metros.
Não perca: O trekking pelo Vale do Pati é um dos mais cobiçados do Brasil. Se não encarar os quatro dias de trilha, dá para fazer trechos dele como o Guiné – Capão, com 18 km.
Como chegar e circular: Existe um aeroporto em Lençóis, mas os voos da Azul são caros. O negócio mais econômico acaba sendo chegar em Salvador mesmo e dali alugar um carro, pegar um ônibus com a empresa Rápido Federal ou transfer. Ter carro é mais prático para se deslocar; se não, vai depender sempre de transporte com agências.
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IBITIPOCA (MG)
Um refúgio de ecoturismo com tudo o que tem direito: uma cidade roots onde o celular quase não pega (Conceição de Ibitipoca) cheia de iguarias mineiras e barzinhos animados, hospedagens gracinha (incluindo chalés pra alugar) e trilhas fáceis e bem sinalizadas que culminam em mirantes, grutas e cachoeiras dentro do Parque Estadual do Ibitipoca – que nunca fica cheio, diga-se de passagem, porque tem limite diária de visitantes.
Porque é legal: Pela cidade com charme de serra, o acesso relativamente fácil e a natureza preservada.
Onde ficar: O Ibiti Engenho Lodge é o mais sofisticado, completo e especial. A Pousada Meu Recanto e o Sítios das Hortênsias têm chalés confortáveis.
Melhores cachoeiras: A atração mais famosa do parque é a parte alta da Janela do Céu – uma trilha leva até até o topo da cachoeira, onde há poço d’água para banho e um mirante. Percurso bem tranquilo, o Circuito das Águas tem cerca de 7 km e passa por locais como a Cachoeira dos Macacos e o Lago das Miragens. No fim de 2019, o parque abriu uma nova trilha com acesso a três novas cachoeiras, Pedra Furada, do Encanto e Poço do Campari. Contratando passeios com agências da cidade dá para ver outras partes da Janela do Céu em trilhas dentro de propriedades privadas.
Não perca: Na cidade tem restaurantes simples e baratos de comida mineira deliciosa.
Como chegar e circular: De carro – são 206 km de Belo Horizonte, 265 km do Rio e 446 km de São Paulo.
LUGARES DE CACHOEIRA
CARRANCAS (MG)
A 290 km de Belo Horizonte e 430 km de São Paulo, Carrancas é daqueles destinos de natureza incríveis que ainda não caiu na boca do povo no Instagram. A cidadezinha de 4 mil habitantes tem nada menos do que 80 poços e quedas d’água em seus arredores, além uma série de mirantes que descortinam pores do sol belíssimos. A estrutura da cidade é simples, com restaurates de comida caseira mineira e pousadas com chalés rústicos.
Porque é legal: Porque ainda é pouco conhecida e tem cachoeiras de águas verde-esmeralda como a sugestiva Cachoeira da Esmeralda. Além disso, fica a apenas 94 km de Tiradentes – pode rolar uma dobradinha de ecoturismo + história/cultura.
Onde ficar: A Pousada Sete Quedas é das mais charmosinhas e fica dentro de uma área de preservação ambiental com trilhas. A 38 km do centro, a Pousada Ecológica Espelho D’Água também é atraente, com a piscina debruçada sobra uma represa.
Melhores cachoeiras: O complexo Vargem Grande, a 9 km da cidade, guarda a tal Cachoeira da Esmeralda. Outro que vale a visita é o complexo da Zilda, com quedas d’água e até um sítio arqueológico com pinturas rupestres. Com acesso mais difícil, o complexo Grão Mogol abriga piscinas naturais semidesertas e uma série de cinco poços e cachoeiras.
Não perca: O pôr do sol do Mirante Cruz das Almas.
Como chegar e circular: De carro.
LUGARES DE CACHOEIRA
SERRA DA CANASTRA (MG)
Criado para proteger a nascente do rio São Francisco, o Parque Nacional da Serra da Canastra guarda a inesquecível Casca D’Anta, uma queda de mais de 180 metros – fora do parque também há outras cachoeiras altíssimas como a Cachoeira do Fundão. A base para visitar a região, dos melhores lugares de cachoeira do estado, é a pequena São Roque de Minas, cidade a 370 km de BH e 540 km de SP, e a vizinha Vargem Bonita (vale dividir a estadia entre as duas cidades). Vá no inverno para evitar a época das chuvas – há muitas estradas em condições ruins para acessar o parque.
Porque é legal: Pelo naipe das atrações, a preservação da região e, claro, o famoso queijo da canastra.
Onde ficar: Pela região há hospedagens simples em sítios e fazendas como a Aldeia Canastra, a Pousada Barcelos e a Vale dos Diamantes.
Melhores cachoeiras: A imensa Casca d’Anta pode ser vista da parte alta, que tem mirante para a região e piscinas naturais, e baixa, para sentir toda potência da queda. Fora do parque, vale ver o Complexo Capão Fôrro, com cinco cachoeiras, e a Cachoeira do Cerradão, alcançada por apenas 1500 metros de caminhada.
Não perca: Visitar produtores de queijo da canastra como a Zé Mário Fazenda São Bento.
Como chegar e circular: De carro.
LUGARES DE CACHOEIRA
BONITO (MS)
Conhecido pelas flutuações com snorkel e a fauna abundante, Bonito também é casa de uma porção de complexos de cachoeiras, normalmente dentro de propriedades privadas que já incluem no pacote da visita almoço com comida de fazenda e estrutura com vestiários e redários para descansar depois de curtir as quedas d’águas. Para ver o basicão e fazer valer o deslocamento ao destino, fique pelo menos quatro noites.
Porque é legal: Porque conjuga cachoeiras com diversas outras atrações naturais, como visitas a grutas.
Onde ficar: Para ficar perto do centrinho da cidade e pagar pouco, tem opções como a Pousada Cheiro de Mato e a Pousada Muito Bonito. Para estrutura completa de hotel (piscina, salão de jogos, restaurantes), veja o Hotel Pousada Águas de Bonito e, para um toque a mais de charme na estadia, fique na Pousada Arte da Natureza.
Melhores cachoeiras: A Fazendo do Rio do Peixe, a 35 km de Bonito, guarda um trajeto de cerca de 2 km por matas ciliares com sete paradas para banho, entre poços e quedas d’água. No Parque das Cachoeiras, a 17 km da cidade, há cachoeiras gostosas como a Cachoeira da Carretilha. Na Estância Mimosa, há caminhadas demarcadas na mata ciliar do Rio Mimoso passando por nada menos do que dez quedas d’água. O grand finalle do passeio pode ser a Boca da Onça, a maior do Mato Grosso do Sul, com 156 metros de altura. O caminho até lá ainda passa por outras cachoeiras.
Não perca: A Lagoa Misteriosa, lagoa azulada com profundidade desconhecida onde dá para mergulhar de cilindro.
Como chegar e circular: A Azul tem dois voos diretos por semana, às quartas e domingos, de São Paulo a Bonito. Para pagar menos, dá pra voar a Campo Grande e então pegar um transfer de 4 horas até Bonito com a Vanzella Transportes. As atrações ficam distantes do centro, nas fazendas. Para não ter que dirigir muito, contrate passeios já com transporte ou pegue transfers compartilhados até os locais dos tours com empresas como a Águas Turismo. Continue lendo para conhecer mais lugares de cachoeira.
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CHAPADA DAS MESAS (MA)
Gente proseira, tambaqui fresco, piscinas naturais, cachoeiras caudalosas, platôs que se erguem sobre o Cerrado: o destino é um rincão singular da natureza nacional na divisa do Maranhão com o Tocantins. Apesar de ser menos falada no Sudeste em relação às suas colegas chapadas, ela já tem um turismo relativamente estruturado cuja cidade-base é a simplinha Carolina (MA), às margens do rio Tocantins.
Porque é legal: A água das cachoeiras e rios é QUENTE, simples assim. Além disso, dá a chance de explorar um pedacinho muito bacana de Brasil profundo.
Onde ficar: A pousadinha mais charmosa é a Pousada dos Candeeiros, no centrinho. Outra opção ok é a Pousada do Lajes, com chalés simples e jardins.
Melhores cachoeiras: No complexo Pedra Caída fica a monumental Cachoeira do Santuário, com 46 metros, que cai dentro de um cânion. Para boiar em águas transparentes, vá ao Poço Azul e Poço Encantado, onde fica também a Cachoeira de Santa Bárbara, com 76 metros. Dentro do Parque Nacional da Chapada das Mesas, veja a pequena Cachoeira do Prata e depois a Cachoeira de São Romão, uma cortina espessa de 36 metros de largura, a maior em volume de água do Maranhão.
Não perca: O passeio de barco com pôr do sol no Rio Tocantins.
Como chegar e circular: O aeroporto de Imperatriz (MA) fica a 215 km de Carolina. Dali, você pode alugar um carro – com ele dá pra visitar Poço Azul, o complexo Pedra Caída e o Portal da Chapada. Para os passeios dentro do parque nacional e para a trilha no Refúgio Ecológico Serra Torre da Lua, feche com a agência Torre da Lua. Se quiser um pacotão com tudo já incluso pra não ter que dirigir, veja com a Venturas.
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LUGARES DE CACHOEIRA
PARQUE NACIONAL DO ITATIAIA (RJ)
Parque nacional mais antigo do país, guarda uma série de picos altíssimos, como o da Agulhas Negras, com quase 3 mil metros de altitude. As cachoeiras estão concentradas principalmente na chamada “parte baixa” do parque, próxima da cidade de Itatiaia (RJ), a 178 km do Rio e 260 km de SP – localização interessante entre as duas cidades, possível de ser cumprida num fim de semana prolongado. O ideal é ficar nas pousadas em meio à natureza fora da cidade.
Porque é legal: Pelo acesso relativamente fácil e a pegada histórica da região.
Onde ficar: Perto da entrada do parque há hospedagens como o clássico Hotel do Ypê e a Pousada Aldeia dos Pássaros – ambos só fazem reserva pelo telefone. Outras opções com boa área verde são o Hotel Donati e o Vista Linda Hotel.
Melhores cachoeiras: A bonita Cachoeira Véu da Noiva tem 40 metros de queda e acesso fácil. Depois dela, dá para passar pela Cachoeira Itaporani e pelo gostoso Poço da Maromba. Veja também o Lago Azul e outros poços formados entre as corredeiras do rio.
Não perca: Quem quiser dar um charme a mais ao passeio pode ficar nas pousadas românticas de Visconde de Mauá (RJ) e fazer bate-volta para o parque um dia.
Como chegar e circular: De carro.