DUBAI E ABU DHABI
Sete monarquias independentes se juntaram modificando sua geografia para abrigar uma colagem de superlativos que parecem testar diariamente os limites da arquitetura, da modernidade e do luxo.
Ilhas artificiais no formato de uma palmeira, uma pista de esqui no deserto e o prédio mais alto do planeta são só o começo. Você começa a entender a intensidade da ostentação que rola nos Emirados Árabes Unidos quando repara em detalhes como as enormes tamareiras perfeitamente enfileiradas (e irrigadas com água dessalinizada) em ruas quaisquer, vê prédios torcidos a 90 graus do térreo até o topo e acha normal e brinca de adivinhar quão rica a pessoa é pela placa do carro – as com três números ou menos podem custar mais que o próprio veículo. E, em breve, após a aprovação do Congresso, brasileiros não precisarão mais de visto para ingressar no país – a medida já vale para diplomatas e portadores de passaporte especial.
DUBAI E ABU DHABI: AS NOVIDADES, O QUE VER, SABER E FAZER
DUBAI
Opulência das arábias
Das overdoses mil do país, Dubai leva o título de emirado dos suprassumos. E não bastando as abundâncias já existentes, novidades também nada modestas estacionaram agorinha por lá. Especialmente no universo do entretenimento. No ano passado, o IMG Worlds of Adventure (ingressos desde AED 245), maior parque de diversão indoor do mundo, abriu suas portas com 21 atrações e licenças de personagens da Marvel e do Cartoon, seguido do Dubai Parks and Resorts (ingressos desde AED 335), sede de um hotel e quatro centros temáticos, entre eles um Legoland com mais de 60 milhões de peças de lego e o primeiro parque do mundo dedicado à Bollywood.
DUBAI E ABU DHABI, LEIA MAIS: Sir Bani Yas Island, o oásis artificial que tem safári nos EAU
Conheça 3 hotéis de deserto entre as dunas laranjas dos Emirados Árabes Unidos
DUBAI E ABU DHABI: AS NOVIDADES, O QUE VER, SABER E FAZER
Novinha também é a Dubai Opera. Lembrando um barco a vela, fica aos pés dos 828 metros do Burj Khalifa, o edifício mais alto da vida. Na cidade ápice da urbanização, quase tudo é assim: hiperbólico, número 1 do mundo, com feições megalomaníacas. E caro. Aliás, tá aí um destino que é zero mochileiro. Prova disso são os AED 500 (na conversão, R$ 430) cobrados por pessoa para ingressar no 148º andar do arranha-céu. Uma alternativa ao preção, ainda longe das pechinchas, é o menu de três pratos servido no At.mosphere, o restaurante mais alto do mundo no 122º andar do edifício, pelos mesmos AED 500 e com quase a mesma vista que se tem do observatório.
Dubai e Abu Dhabi: é nesse mesmo superquarteirão de Downtown Dubai que está o imenso Dubai Mall, lotado de turistas escondendo ombros e joelhos e outros desavisados recebendo olhares feios dos poucos locais, a maioria mulheres cobertas por burcas exibindo suas bolsas caras. Dá pra passar a tarde percorrendo corredores intermináveis, nos quais há até filial das Galerias Lafayette, e o igualmente enorme túnel do Dubai Aquarium (entradas desde AED 120), comprimindo 10 milhões de litros de água. Ainda na área, o melhor lugar pra presenciar o pôr do sol e curtir o maior show coreografado de fontes do planeta (olha aí os exageros de novo!) é ao redor da Dubai Fountain. E, se der tempo de visitar mais uma extravagância em forma de shopping, escolha o Mall of the Emirates e se aventure na primeira pista de esqui indoor do mundo no Ski Dubai (entradas desde AED 210), com 22 500 m² cobertos de neve faça calor ou faça calor.
Dali é um pulo até o complexo que imita uma cidade árabe de Madinat Jumeirah, formado por um mercadão de luxo com lojinhas vendendo lenços, narguilés e joias, restaurantes típicos na beira de um charmoso canal por onde passeiam gôndolas e hotéis de luxo inspirados no melhor estilo dos palácios árabes. Ainda há uma Pacha Ibiza Dubai, onde vestidos curtos, drinques coloridos e músicas de DJ’s famosos ganham a noite da Dubai que não pode fazer o turismo, fonte de seu maior capital, parar. E precisa agradar os 83% da população gringa que não compactua necessariamente com os costumes religiosos do xeique Mohammed, à frente do emirado. Foi nessa mesma onda que restaurantes como a churrascaria turca Nusr-Et virou point marcada por seu excêntrico proprietário que tempera as carnes jogando sal pelos cotovelos, e acabou de abrir unidade também em Abu Dhabi.
DUBAI E ABU DHABI: AS NOVIDADES, O QUE VER, SABER E FAZER
Se quiser fugir dessa badalação toda vá a Old Dubai, mas saiba que as riquezas não acabam por lá: o Gold Souk vende ouro que nem água e expõe cerca de 30 toneladas do metal em suas vitrines. Ou seja, pechinche! Do bairro histórico de Al Fahidi, depois de um café apreciando artistas locais e internacionais no MAKE Art Cafe (Al Fahidi Street, s/n) e uma espiada no deliciosos espaço de obras de arte da Majlis Gallery, pegue um barquinho de madeira e atravesse a muvuca organizada do Dubai Creek pra garimpar artesanatos, tapetes, perfumes, quinquilharias e especiarias nos souks de Bur Dubai. E prove sem medo o shawarma, a versão do Oriente Médio de um kebab.
Dubai e Abu Dhabi: já numa nova região descoladex da cidade estão os muros grafitados, esculturas e miniaturas de Dubai Walls, que há um ano enfeitam os arredores da área moderninha de City Walk – se Dubai é a Miami do Oriente, essa vizinhança coloridona é a Wynwood Walls de Dubai. E pra Dubai ficar mais ocidentalizada ainda, neste ano estão previstas as aberturas do museu de cera Madame Tussauds e do primeiro Hard Rock Hotel no Oriente Médio.
PAVONEIO SETE-ESTRELAS
Se o negócio for ostentação nível hard, impossível não falar do Burj al Arab, o primeiro hotel sete-estrelas da Terra, construído numa ilha artificial própria lembrando uma vela em frente à Jumeirah Beach, onde champagne de cortesia é besteira: cada suíte conta com seu próprio mordomo. O apartamento mais baratinho tem 107 m², dourado, veludo e vermelho brega por meros AED 8 787 – quase R$ 7 500 – a noite. Os foodies não vão dispensar uma refeição no Al Mahara, que desde setembro é comandado pelas duas-estrelas Michelin do chef Nathan Outlaw. O menu-degustação de seis etapas com inspiração no fundo do mar é servido numa sala entre aquários desde AED 950 – o risoto de lagosta, laranja e manjericão é divino. Ou, se for apenas pra tomar bons drinques, a boa é o Gold On 27, decorado com folhas de ouro.
BURKINIS E SUNQUINIS
Dubai é um destino cosmopolita. E isso não é diferente em suas belas praias artificiais, com água cor de Caribe, calor o ano todo e até conchas na areia. Pode praticamente tudo, de fio dental a burkinis, menos levar cachorro (o país todo não é nada pet-friendly) e consumir bebida alcóolica fora das faixas privês de hotéis e beach clubs. Entre as públicas, a Jumeirah Open Beach conta com um calçadão animado frequentado por skatistas, ciclistas e corredores, com banheiros e chuveiros grátis e espreguiçadeiras com guarda-sol pra alugar. Já a Umm Suqeim Beach, onde rola kitesurfe, é o melhor lugar pra assistir ao sol se pôr por trás da silhueta em forma de vela do icônico Burj Al Arab. Em frente à marina, a JBR Beach é uma das mais movimentadas aos finais de semana e fica do lado de sorveterias, restaurantes e lojinhas.
DUBAI E ABU DHABI: AS NOVIDADES, O QUE VER, SABER E FAZER
ABU DHABI
Brasília dos Emirados
Desde março, a Etihad, companhia aérea de Abu Dhabi, deixou de voar para o Brasil motivada pela crise. Seus voos eram um dos maiores determinantes da estadia de brasileiros no destino – e não somente em Dubai. Dona da sexta maior reserva de petróleo do mundo e sede do palácio dos sonhos do xeique Khalifa, o presidente do país, a capital dos Emirados Árabes Unidos não tem um arranha-céu tão alto como o da vizinha (o maior deles, o Burj Mohammed Bin Rashid, tem 381 metros, quase o dobro do Prédio do Banespa), contudo oferece atrativos interessantes que merecem mais tempo que um bate-volta.
Dubai e Abu Dhabi: mas esse cenário promete mudar com a chegada do Louvre Abu Dhabi, que, pelo que tudo indica, abre suas portas no segundo semestre deste ano com mais metal empregado que na Torre Eiffel, após oito anos de obras e atrasos. Coberto por um abóbada branca com desenhos de folhas de palmeiras entrelaçadas geometricamente, característica quintessencial da arquitetura árabe, sua cobertura foi cuidadosamente pensada pelo arquiteto francês Jean Nouvel – o mesmo do Institut du Monde Arabe em Paris – visando regular a luz e a temperatura dentro do museu, uma ilha circundada pelo oceano. E, o que começou como uma ponte entre a arte ocidental e a oriental virou ambição de museu-enciclopédia com obras de Da Vinci a Andy Warhol e Monet vindas do Museu D’Orsay, do Louvre de Paris e do Palácio de Versalhes, entre outros muitos. Mas as macromanias não acabam por aí: o estabelecimento será, na verdade, só mais um componente de um gigantesco bairro cultural que irá se erguer nos próximos anos na Saadiyat Island junto a outros 47 novos edifícios, entre eles uma filial do Guggenheim e da New York University.
Outra ilha casa da ganância é a Yas Island, base do Ferrari World (ingressos desde AED 275) e sua montanha-russa Formula Rossa, a mais rápida do mundo – leia-se: 240 km/h em menos de cinco segundos. A entrada do parque para marmanjos é pelo Yas Mall, o melhor endereço para comprar no emirado, com mais de 400 lojas de grife internacionais e até filial do burguer queridinho nos States do Shake Shack. Quem gosta de velocidade também vai gamar no Yas Marina Circuit, o autódromo mais luxuoso do mundo (já deu pra se acostumar com a ganância dos Emirados Árabes nesse ponto da matéria, né?) onde em todo mês de novembro acontece o Grande Prêmio de Fórmula 1 de Abu Dhabi. Dá pra sentir na pele a emoção de pilotar nessa pista ostentação desembolsando AED 1 750 num percurso de 40 minutos. Quem pode…pode.
Dubai e Abu Dhabi: e quem não pode, pode rumar a uma atração ainda mais mesquinha, a Sheikh Zayed Grand Mosque. Toda em mármore branco da Macedônia com detalhes em ouro de 24 quilates e cristais de Murano, a mesquita aberta ao público construída pelo fundador do país, o xeique Zayed, brilha inteirinha quando bate o sol. Essa é a oportunidade que você terá de provar uma burca, se for mulher, ou um kandora, se for homem. Quem não vai com o corpo todo coberto, incluindo os tornozelos, precisa colocar as vestimentas na entrada. E, no caso das damas, é deixar o cabelo escapar do véu que vem um segurança dar uma reclamadinha. Também rola se vangloriar por pisar – sem sapatos – no maior tapete persa do planeta, confeccionado num período de um ano por 1 200 mulheres iranianas.
DUBAI E ABU DHABI: AS NOVIDADES, O QUE VER, SABER E FAZER
Não deixe Abu Dhabi sem entender mais sobre sua história pré e pós petróleo no Qasr al Hosn, fortaleza de pedra mais antiga da cidade. Você escuta relatos e reflexões sobre a transformação do emirado de praticamente nada a dono do segundo maior fundo de riqueza soberana da Terra através de áudios gravados por emiradenses, coleções de armas usadas na construção do país e fotografias históricas. Se der sorte de estar por lá no mês de fevereiro, poderá presenciar as apresentações de música típica, oficinas e workshops de artes e exposições sobre o forte do Qasr al-Hosn Festival, cujas comemorações são abertas pelo próprio xeique Khalifa.
DOLCE ORO
Se Dubai tem seu sete-estrelas em molde de vela, Abu Dhabi tem um palácio de conto de fadas em formato de hotel. Ao lado da residência presidencial, o Emirates Palace (diárias desde AED 1 300) fica num megacastelo com mais de um quilômetro de distância de ponta a ponta e tem ouro por toda a parte, até de tipos comestíveis nas sobremesas e no café. Pra quem quiser só visitar, são 12 bares e restaurantes, entre eles o asiático Hakkasan e suas dim suns, as trouxinhas recheadas por vegetais e carnes que fazem sucesso. Mais em conta é o hambúrguer de camelo com maionese trufada oferecido no Le Cafe, no lobby do hotel.
PALACETES DE AREIA
Quase na fronteira com o Omã, nutrida por reservas naturais de água, palmeiras mil e formações rochosas desérticas, Al Ain vale um bate-volta desde Abu Dhabi. O castelão de areia do Al Jahili Fort, antiga casa de verão do xeique Zayed, vai te fazer tirar fotos sem parar e dar uma espiada na exposição de cliques do fotografo britânico Wilfred Thesiger pelo deserto nos anos de 1940. O Al Ain National Museum guarda relíquias arqueológicas que vão de moedas a armas escavadas de túmulos de mais de quatro mil anos. Isso em meio ao Al Ain Oasis, riquíssimo jardim com cerca de 150 mil palmeiras de até 100 variedades, o primeiro estabelecimento reconhecido como Patrimônio Mundial da UNESCO nos Emirados Árabes. Os esportes aquáticos radicais acontecem no Wadi Adventure, com piscina de ondas de surfe, lago pra fazer wake e riozinho agitado pra praticar caiaque e rafting, tudo artificial.
DUBAI E ABU DHABI: e você, tem alguma sugestão de passeio pelos dois principais destinos dos Emirados Árabes Unidos?