Turismo no Alentejo, a região de Portugal mais genuína, significa portugas simpáticos, comida de primeira, vinhos, castelos e pousadas de charme.
A legítima roça lusitana que cobre um terço de Portugal e abriga meros 500 mil habitantes. Ali estão pequenas e sonolentas cidades de casinhas invariavelmente brancas com contornos das janelas e portas verdes, azuis, amarelas, comida farta e tradicional, ruínas e castelos de povos que por ali passaram (romanos, visigodos, mouros), campos de girassóis, sobreiros (a árvore da qual é feita a cortiça) e oliveiras, rebanhos de ovelhas, hotéis lindos e vinícolas mil: turismo no Alentejo compõe uma das melhores road trips de Portugal.
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Se estiver indo ao norte do país, você pode selecionar uma cidade ou outra da região para unir com o resto do seu roteiro (lembre-se que Portugal é mini e as distâncias são curtas). Mas pense também em fazer uma viagem dedicada ao sul do país: dirija pelo Alentejo e depois o Algarve (praias da costa sul) ou a Costa Alentejana (praia da costa oeste).
Eu selecionei as cidades do chamado Alto Alentejo, o circuito mais bacana da região. 4 dias são o mínimo par fazer turismo no Alentejo: você pode se hospedar em Évora ou arredores e fazer viagens bate-volta ou dividir 2 noites ali e mais 2 em outra localidade (dentro de uma vinícola – muitas delas tem hotéis – por exemplo).
Turismo no Alentejo: as melhores cidades e vinícolas
No mapa, as tacinhas representam as vinícolas e, os pontos vermelhos, as cidades pra fazer turismo no Alentejo.
ÉVORA
Capital do turismo no Alentejo, é uma das cidades medievais mais bem conservadas de Portugal. Suas muralhas do século XIV envolvem casinhas brancas, restaurantes, lojas e uma vida universitária animada. Não perca a Igreja de São Francisco, gótico-manuelina, construída por volta de 1510 e ornada com motivos náuticos que celebram a época dos Descobrimentos. Ela é ligada à macabra Capela dos Ossos, cujas paredes e colunas são cobertas por 5 mil crânios – dizem que monges franciscanos a construíram pra meditar sobre a condição humana. Veja também o Templo Romano, restos de uma estrutura do século II que acreditam ser dedicado a Júlio César. A Sé é outra igrejona que vale a pena visitar, com suas torres de granito.
ONDE COMER EM ÉVORA?
O Fialho: Um clássico há mais de seis décadas fincado ali. Seu Fialho, filho do Fialho original, sempre mostra aos brasileiros, orgulhoso, uma entrevista em que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso aponta o restaurante como seu preferido no mundo. Servem o queijo feito com o leite das ovelhas da região, o pão fabricado na casa, o azeite que veio de alguma oliveira que talvez você tenha visto na estrada, o presunto cru do porco preto, típico daquelas bandas, aspargos com ovos, bolinho de bacalhau, lombinho com amêijoas (um molusco), codornas assadas. E, obrigatoriamente, um vinho alentejano.
Tasquinha do Oliveira: Outra instituição local, tem cardápio igualmente portuga: bolinho de bacalhau, ovos de codorna (ou codorniz, como dizem eles) estrelados com paio, salada de polvo, arroz de pato no forno. De sobremesa, prove a farófia, espécie de pudim de clara, e a encharcada, um doce de gemas.
ESTREMOZ
É uma pequenina cidade de 8 mil habitantes onde quase todas as construções levam mármore. A Cidade Baixa é marcada pelo Rossio, a praça principal, onde estão várias igrejas e um tanque de água com bordas de mármore chamado Lago do Gadanha. Na Cidade Alta (o jeito mais fácil de chegar é a pé, seguindo a rua da Frandina a partir da Praça Luís de Camões e cruzando os muros internos do castelo pelo arco da Frandina) está o Palácio Real e a Torre das Três Coroas, onde fica hoje a Pousada Rainha Isabel (se der, fique hospedado ali). A decoração é cheia de vestígios dos tempos de Dom Dinis e da rainha Isabel de Aragão (o que pode ser um tanto assustador depois que o sol se põe).
ONDE COMER EM ESTREMOZ:
Mercearia Gadanha: Um restaurante com paredes de tijolinhos onde um balcão vende azeites, vinhos, queijos pra levar pra casa. À mesa vem presunto, bacalhau, um foie gras com maçã memorável, e deliciosas bochechas de porco (prove sem preconceitos, é bom demais).
São Rosas: Grande referência de culinária alentejana, fica junto à Pousada de Estremoz. Tem toalhas brancas nas mesas mas conserva um ar rústico – se o tempo deixar, sente no terraço com vista sobre a muralha. A cozinha recorre aos melhores produtos da região.
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MONSARAZ
É um vilarejo minúsculo com um imponente castelo do século 14, uma bonita Igreja Matriz e um punhado de lojinhas e restaurantes simples com terraços. Porque o incrível ali é a vista para a vegetação alentejana, com os campos de sobreiros e oliveiras e o Lago Alqueva ao fundo. Esse lago, um dos maiores lagos artificiais da Europa, foi feito para irrigar a região, e deu um toque de azul na paisagem. É possível inclusive fazer passeios de barco por ele – veja no site Roteiros do Alqueva.
VILA VIÇOSA
Outra paradinha interessante: ela foi sede da Casa de Bragança, que se tornaria a quarta dinastia de Portugal a partir de 1640, com o reinado de Dom João IV. A história ali está sepultada no mármore que cobre o piso das praças, os postes e a fachada de 110 metros do Paço Ducal, palácio construído entre os séculos 16 e 17. No interior, o mobiliário de época vale a paciência com o guia prolixo que faz o tour pelos mais de 40 cômodos.
ELVAS
É Patrimônio Mundial pela Unesco. Os fossos, baluartes e pesadas muralhas que a mantinham protegida no passado têm justificativa das boas na localização, a apenas 15 quilômetros da fronteira com a Espanha. Além do castelo (sim, mais um), é digno de nota seu enorme Aqueduto da Amoreira, do século 17, com arcadas de 30 metros de altura, e a Igreja de Nossa Senhora da Consolação. Outro programa ali é comer doce típico de Elvas: sericaia, uma espécie de torta feita com leite, açúcar e ovos, e com ameixas em calda.
SÃO PEDRO DO CORVAL: Uma aldeia pitoresca com mais de 20 olarias onde você vê senhorzinhos e senhorinhas moldando e pintando objetos de cerâmica. Há potes, pratos e xícaras para vender – dê uma volta na rua da Primavera e outras próximas (tem placas indicando).
ARRAIOLOS: A cerca de 20 km de Évora, essa cidadezinha fez fama por seus históricos tapetes bordados em lã (as primeiras referências datam do século XVI). Por todo canto é possível ver as bordadeiras em ação e lojas para comprar seus produtos (que pode variar entre € 30 e € 1000), enfeitados como motivos abstratos, reproduções de azulejos ou imagens de flores e pássaros. A vila também é uma graça, com casas branquinhas, ruínas de um castelo e a Igreja da Misericórdia, do século XVIII.
TURISMO NO ALENTEJO
Vinícolas no Alentejo e outros restaurantes
Vem do Alentejo metade do vinho produzido em Portugal, o que explica o sem-fim de vinhas que decoram as imediações de suas indefectíveis estradas. As centenas de produtores locais oferecem tours, degustações e pousadas “giras” ( “legais”).
Cortes de Cima: Administrada por uma família dinamarquesa, a casa promove, no fim de maio ou início de junho, o Concerto de Verão. Músicos e intérpretes da Royal Copenhagen Opera e da Fynske Opera, por exemplo, já se apresentaram no meio dos vinhedos. Além de música erudita, há degustação de todos os vinhos da herdade e jantar (” 100, em média, por pessoa, o programa completo). Nos demais dias, a prova guiada de vinhos custa a partir de € 4,99 (1 vinho), € 14,99 (5 vinhos).
Herdade do Mouchão: Exceto pela luz elétrica, instalada em 1991, tudo continua como em 1901, ano em que começou a produzir o vinho que se tornaria um dos maiores símbolos da vitivinicultura alentejana. Pra visitar a plantação, a adega, os nove lagares de pedra e as caves – revestidas de grossas paredes, que guardam tonéis de até 5 500 litros -, é preciso reserva.
Tasca Real: Na microvila de Borba, é uma tasca roots e barata, pra comer e beber como os locais, num ambiente com cara de porão com barris dispostos. Tem a melhor sopa de tomate da vida, acompanhada também de codornas assadas.
Dona Maria (Quinta do Carmo): Dizem que o lindo palacete do século 18 com jardim e capela, revestido com mármore e azulejos que cobrem paredes inteiras, foi presente do rei dom João V a uma cortesã, dona Maria. Ali são produzidos um dos top 5 de vinhos alentejanos. Ligue antes pra agendar a degustação e até um almoço.
Quinta de Valbom (Fundação Eugénio de Almeida – Cartuxa): O Pêra-Manca, produzido aqui, é um ícone do Alentejo. A herdade abriga o Mosteiro da Cartuxa, de 1598, onde monges cartuxos vivem em reclusão, e ocupa um enorme terreno. Tem pacotes de degustação entre € 5 e € 30 – mande email pra agendar.
Herdade do Esporão: Dona de um conjunto de construções históricas, formado pela Torre do Esporão – estampada nos rótulos dos famosos vinhos que produz -, a Capela de N. Sra. dos Remédios e um museu arqueológico. O tour guiado à adega e à cave, com direito a degustação, pode ainda se estender a um almoço no restaurante Esporão ou a um piquenique no meio do vinhedo (preços sob consulta). Também produzem e vendem azeite.
L’And Vineyards: Único restaurante de fato de alta gastronomia da região, serve o menu inventivo chef Miguel Laffan (que chegou a ter uma estrela no Michelin mas perdeu na última edição do guia), que dá uma atualizada nas receitas tradicionais do Alentejo. O menu com 3 pratos sai € 60 – reserve no site. O lugar também tem o hotel mais chique do Alentejo, um spa com vinhoterapias, passeios de balão e curso de vinhos.
Herdade dos Grous: Imersão total no universo rural do turismo no Alentejo: criação de porcos pretos, vacas e ovelhas, uma barragem na qual se pode pescar e navegar de barquinho, visitas guiadas ao olival e à produção de vinhos, além de passeios a cavalo. Sem contar o bom restaurante e um bar em estilo inglês.
Herdade da Malhadinha Nova: A vinícola familiar (os rótulos são desenhados pelas crianças) faz tintos, brancos e rosés num terreno verde e lindo. O tour explica o processo de produção, entre gigantes máquinas de aço e dezenas de barris de madeira. O restaurante harmoniza pratos como bochechas de porco (sério, é bom mesmo), com vinhos da casa (reserve pelo site ou ligue antes de ir, pratos principais custam na faixa dos € 20).
Quando ir ao Alentejo:
Em abril, maio e junho há mais flores e os parreirais estão crescendo, em julho e agosto estão fartos e verdes e faz um calorão de 30 graus pra mais. Em setembro é época pra vindima, o que traz vários programas especiais para as vinícolas. Outubro já é friozinho mas há bonitas cores laranja e vermelho tomando as plantações. Só evite as temperaturas baixas e a vegetação mortinha do inverno pra turismo no Alentejo.
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Excelentes dicas. Irei fazer o roteiro Alentejo e Algarve. Depois conto as experiências. 🙂
Oi Daniele! Que ótimo 🙂 Fica de olho que logo mais vou postar infos sobre o Algarve!
Amo estes lugares. Morei alguns anos no Algarve e fui algumas vezes ao Alentejo. Realmente vale muito a pena. Voltarei.
Também adoro Cinthya 🙂 beijos pra você!
Visitei este ano Montemor-o-Novo, Estremoz e Elvas. Muito bom! Em Elvas, no final de junho e começo de julho ocorre o Festival Medieval. Vale a pena! Recomendo também a visita à Herdade das Servas, perto de Estremoz.
Que bacana Humberto, quero conhecer!
Esses restaurantes indicados em Evora são bons, vários amigos indicaram, mas eram um pouco caros. Dois simpáticos alentejanos nos indicaram um restaurante fora da muralha muito bom e com preço mais convidativo. Comi migas divinas lá. http://vinhoenoz.blogspot.com.br/?m=1
Oi Ana! Que legal, muito obrigada pela dica!
Olá, boa noite!
Pensei em passar natal na região do Alentejo com minha família. Não vale a pena?
Oi Marcella tudo bem? Então, o inverno lá é frio e chuvoso, e a paisagem fica toda “morta” e marrom. Acho que você perde bastante da experiência nessa época. Por outro lado, as cidades ficam bonitinhas com a decoração de natal, e a comida continua boa como sempre.
Vou a Portugal na metade de abril e suas dicas me ajudarão
Oi Betina! Gostei muito das suas dicas! Parabéns pelo blog! Gostaria de pedir sua opinião. Estarei em algarve dia 15 e 16 de maio, quando voltarei para Lisboa para uma estadia de mais 3 dias. Mas no caminho de volta gostaria de passar em alguma adega para uma visita, porém não sei qual seria a melhor opção, pois estarei com minha família (um total de 10 pessoas) e nem todos são amantes de vinho como eu, mas acho que seria uma boa oportunidade para fazê-los gostar do enomundo! Você tem alguma sugestão? qual seria a melhor vinícola para levá-los? Obrigado! Abrs!
Muito bom os ícones do mapa
Você tem dicas das outras regiões ?
Muito bom os ícones no mapa, facilitou minha pesquisa.
Você tem dicas das outras regiões ?
Obrigado
Oi José! Que bom! Tenho sobre as praias: https://www.carpemundi.com.br/praias-de-portugal-algarve-alentejo/
E Lisboa: https://www.carpemundi.com.br/o-que-fazer-em-lisboa-bairro-a-bairro/
https://www.carpemundi.com.br/onde-comer-em-lisboa-9-lugares/
Oi! Sei que não é a época ideal, mas pretendo passar o Natal em Portugal. Que locais vc sugere? É possível fazer visita em vinícolas? Obrigada
Oi Daniele tudo bem? Em dezembro muitas vinícolas fecham e os vinhedos ficam “mortos”, não tem muito pra ver. Você pode focar suas viagem nas cidadezinhas: Lisboa, Porto, Évora, Coimbra, Tomar, Óbidos e Guimarães. Espere frio e um pouco de chuva.
Veja nossos posts:
http://www.carpemundi.com.br/o-que-fazer-em-lisboa-bairro-a-bairro/
http://www.carpemundi.com.br/onde-comer-em-lisboa-9-lugares/
Boa Tarde Betina
Excelentes dicas e relatos ! Parabéns !
Pretendo fazer este roteiro em Junho, gentilmente gostaria de saber como é o clima neste mês, e se as praias são muito cheias nesta época, e quantos dias você recomenda para este roteiro.
Muito agradecido
Herton Korn
Boa tarde Betina.
Como você sugere a distribuição dos 04 dias no alentejo tendo como base Evora? É difícil fazer essa distribuição sem saber o tempo necessário para aproveitar cada cidade.
Olá Fernandes
Gostaria de saber se já fizestes tua viagem.
Vou agora em abril e estou justamente querendo ficar uns 4 dias em Évora e conhecer arredores.
Ficaria contente de receber alguma dica.
Eliane
Caso tenha adiado sua viagemm segue o roteiro que farei em junho. O roteiro que irei fazer e espero que fique ótimo, seria a divisão da estadia em duas cidades. Ficarei 3 noites em Évora e 01 noite em Marvão.
1º dia – Lisboa – Arraiolos – Évora -;
2º dia – Évora – Monsaraz + vinícola – Évora;
3ºdia – Évora – Estremoz – Vila Viçosa – Évora;
4º dia – Évora – Elvas – Marvão
5º dia – Saída de Marvão para o Norte de Portugal.
Visitaremos 2 vinícolas.
Vou agora no final de outubro e provavelmente chegarei no início de novembro a região de Alentejo, saberia me dizer como é o clima nessa época? Também quais seriam as cidades imperdíveis já q não será possível visitar todas elas. Grata!