O que é o Onçafari?
O Onçafari foi criado em 2011 por iniciativa do ex-piloto de corrida Mario Haberfeld, que sempre teve forte apreço pela vida selvagem, e viu na Associação uma forma de conservar a biodiversidade brasileira. O projeto ajuda na manutenção de vida de animais selvagens e no desenvolvimento de comunidades locais por meio do ecoturismo e da ciência, coletando dados e compilando informações que levem ao melhor entendimento das espécies. Há 10 anos no mercado, hoje o Onçafari ajuda e estuda diversos biomas brasileiros, com ênfase em onças-pintadas e lobos-guarás.
O trabalho também trouxe para o país recursos e estudos de habituação originária dos safáris da África do Sul com os leopardos; a técnica consiste em aproximar carros das onças e lobos-guarás aos poucos até que eles se acostumem com a presença do veículos, deixando de encará-los como ameaça e, assim, vivendo uma vida totalmente selvagem, livre e passível de avistamentos sem medo. Para tal, é preciso uma equipe reforçada e interdisciplinar, composta por biólogos, veterinários, guias de campo e psicólogos, que, juntos, atuam nas seis vertentes que envolvem o projeto. Sao elas: ecoturismo, ciência, educação, reintrodução, social e florestas.
Onde o Onçafari atua?
Hoje, o Onçafari atua em quatro dos seis biomas brasileiros, sendo eles o Pantanal, no Refúgio Ecológico Caiman e na Fazenda Vera Lucia, na Amazônia, na Pousada Thaimaçu, no Cerrado, na Pousada Trijunção e na Mata Atlântica, com base no Legado das Águas e na Fazenda Vello Cittá.
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VISITE:
Pousada Trijunçã0
Na Pousada Trijunção, uma acomodação de peso nas divisas dos estados de Goiás, Bahia e Minas Gerais, espere experiências incríveis de safári pelo Cerrado. O ponto alto da aventura é ver o lobo-guará (com o Onçafari), mas encontrar com cachorros-do-mato, emas, veadinhos e mais de 200 espécies de aves soltas na natureza também é um privilégio. É uma vivência muito mais íntima e imersiva, com quase zero de interferência humana em seus arredores, somado à elegância, exclusividade e mordomias durante os passeios.
Refúgio Ecológico Caiman
O Refúgio Ecológico Caiman é um hotel no Pantanal Sul que abraça o lema da vivência pós-luxo, proporcionando um estadia com sofisticação e conforto extremo, abandonando a superficialidade e trazendo experiências autênticas de imersão no bioma. Com eles, os hóspedes têm a chance de fazer passeios que incluem safári em veículo aberto, canoagem de contemplação, caminhadas e focagem noturna. É uma das principais bases do Onçafari e O lugar avistar onças-pintadas pelo território brasileiro.
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Os trabalhos do Onçafari
Onçafari Ecoturismo
O Onçafari Ecoturismo surgiu pois o projeto acredita no poder do ecoturismo como ferramenta de conservação ambiental. Eles trabalham para habituar os animais à presença de veículos e, consequentemente, facilitar o desenvolvimento do turismo na região. Uma vez habituadas, é possível que turistas vejam onças-pintadas e lobos-guarás de pertinho, atraindo os amantes dos bichos e promovendo a conservação das espécies. Suas maiores bases de ecoturismo estão no Pantanal e no Cerrado e por meio da renda gerada pela visitação, os moradores e proprietários de terras passam a valorizar as espécies nativas.
No Pantanal, o projeto já registrou mais de 150 onças-pintadas ao longo dos anos, sendo que, em 2019, 98% dos hóspedes da Caiman viram elas durante os avistamentos. Já o mapeamento dos lobos-guarás no Cerrado garante chances altíssimas de até 90% de encontrar com o lobo no passeio.
Como funciona o avistamento com o Onçafari?
Um jipe 4×4 do Onçafari com bancos abertos na carroceria leva os turistas pelas estradas em busca dos animais, que podem ser encontrados através dos sinais emitidos pelos rádio-colares de rastreamento do projeto Ciência (que falaremos mais abaixo). Outros, também, são vistos na sorte, passeando por entre estradas, açudes e moitas que já são conhecidas por serem favoritas dos bichos. As chances de avistamento são maiores à noite, quando os animais silvestres em geral ficam mais ativos, protegidos pela escuridão.
Rádio-colares
Com o apoio de antenas de transmissão que são conectadas ao receptor, o guia é capaz de fazer a captação do sinal VHF, assim, se algum animal com rádio-colar estiver dentro do alcance do equipamento receptor, são emitidos bipes. No Onçafari, são usados dois tipos de antena: uma omnidirecional, que geralmente tem maior alcance e é capaz de captar o sinal de todas as direções, sendo fixada no teto dos carros, e uma unidirecional, que recebe o sinal mais forte de uma única direção, permitindo encontrar o animal monitorado com mais precisão.
Onçafari Ciência
Toda a expertise, cuidado e acompanhamento das onças-pintadas e lobos-guarás mostrados durante os passeios de ecoturismo tem toda a sua base no Onçafari Ciência. É por lá que biólogos e veterinários monitoram o comportamento dos animais silvestres, tal como sua saúde e relação com atividade turística. A coleta desses dados é feita através de monitoramentos dos animais por câmeras sensíveis ao movimento, coleta de amostras (sangue, urina, pelos) realizada nas capturas periódicas (e éticas), por técnicas de observação de rastros deixados por eles (pegadas, marcas, fezes) e também através dos rádio-colares com GPS, mapeando, assim, padrões de movimento e comportamento. Tudo isso também é encaminhado para Banco de Amostras Biológicas do CENAP/ ICMBio para estudos de genética e armazenamento para pesquisas futuras. Outro trabalho bem interessante se diz respeito ao estudo e aprimoramento de técnicas para evitar o conflito entre onças e lobos e os rebanhos de animais domésticos – diminuindo, aí, um conflito de interesses.
As câmeras de rastreamento
As câmeras escondidas não atrapalham os animais, são munidas com um sensor de movimento e têm ótima visibilidade no escuro. Com elas, é possível registrar diversas outras espécies do bioma, entender o comportamento das onças-pintadas e lobos-guarás, tal como seus principais predadores, horários de atividade e locais preferidos. Só no Pantanal, por exemplo, são mais de 80 câmeras espalhadas pelos 53 mil hectares do Refúgio Ecológico Caiman.
Descobertas feitas sobre as onças-pintadas graças ao trabalho de monitoramento do Onçafari:
- Elas são tolerantes, compartilham território e até chegam a dividir presas;
- Têm paladar apurado e preferências de tipos de alimentação e até de partes específicas de certas presas;
- Possuem vida sexual ativa, sendo que entram no cio em períodos regulares e copulam várias vezes ao dia até haver uma fecundação; Caso não haja, ela volta ao cio alguns dias depois, e o ciclo continua;
- São resistentes, isso é, mesmo com ossos quebrados ou membros muito machucados, são capazes de se recuperarem e sobreviverem;
- Tendem a ser comunicativas e verbalizam muito por meio de um complexo repertório de vocalizações;
- Mães preocupadas: sempre escolhem um local que consideram seguro e afastado para parir (como capinzal, troncos caídos, tocas abandonadas) e protege-as com afinco até a soltura para a vida selvagem sozinha. Ficam até mais ariscas nesta época.;
Onçafari Reintrodução
Em parceria com o CENAP/ ICMBio, o Onçafari criou seu espaço para pesquisas e reabilitação e reintrodução de onças-pintadas e outros mamíferos de pequeno, médio e grande porte na natureza. Este é o caso da primeira reintrodução de onças-pintadas bem-sucedida do mundo, das irmãs Isa e Fera. Elas perderam a mãe quando ainda eram muito filhotes e depois de uma cuidadosa adaptação de quase um ano, foram reintroduzidas no Pantanal em 2016. Em 2018, o sucesso do projeto, com o nascimento de seus filhotes e hoje, em 2021, procriam, caçam a marcaram seu território, influenciando positivamente na recuperação de uma população ameaçada de extinção.
O mesmo aconteceu com cinco lobinhos-guarás no Cerrado, em 2020. Depois do Onçafari encontrar a fêmea (que era monitorada) morta, a equipe, junto de pesquisadores, os resgataram e, ao notificar o ICMBio-CENAP, foram orientados a encaminharem os filhos para o zoológico de Brasília – local mais indicado para os primeiros socorros dos lobinhos. Depois de dois meses em tratamento e avaliação médica, a Associação ficou responsável por dois filhotes, o Araticum (macho) e a Mangaba (fêmea), que passaram por um processo de adaptação e testes de caça, marcação de território e identificação do ambiente para, enfim, atingiram nota máxima em todos os quesitos de reabilitação. Com isso, a previsão de soltura dos dois lobos-guarás no Cerrado é para o início de 2022.
Principais passos para a reintrodução
- Avaliar a saúde e comportamento dos animais para entender se há condições de reintroduzi-los na vida selvagem;
- Inseri-los em uma área de semi-cativeiro, com as mesmas características do habitat natural, para que aprendam a caçar e interagir com o ambiente;
- Se aptos, são vestidos com os rádio-colares com GPS para o monitoramento após a soltura;
- Por fim, ocorre a soltura e o monitoramento constante para avaliar se os animais estão conseguindo se virar aos desafios da natureza. Se não, são resgatadas e a adaptação continua.
Onçafari Educação
Em poucas palavras, o objetivo do Onçafari Educação é mostrar para a população de suas principais bases que uma onça-pintada viva, vale muito mais que uma onça morta, por isso, eles trabalham para a conscientização acerca da preservação da espécie, por meio de palestras, atividades de campo, eventos e auxílio na gravação de filmes e documentários.
Onçafari Social
Para a população das bases, disponibilizam atendimento médico e odontológico e castram e vacinam animais domésticos, como cachorros e gatos. Para as escolas, fornecem uniformes, livros e materiais didáticos tanto para os alunos, quanto para os professores, além da realização de eventos e palestras e, ocasionalmente, suporte da manutenção escolar.
Onçafari Floresta
Por fim, também é do interesse do Onçafari cuidar do habitat natural dos animais. Isso é, proteger e garantir passagem para a fauna silvestre em propriedades com áreas de mata nativa ou em regeneração que são doadas à Associação. Também participam da criação de novas unidades de conservação com ajuda de estudos técnicos.
Como ajudar o Onçafari?
Existem diversas formas de você ajudar na conservação do meio-ambiente e de espécies ameaçadas em diferentes biomas brasileiros. O Onçafari lista algumas.
A partir de R$ 450 você pode ajudar no passeios de conscientização para as comunidades locais, para que elas entendam a importância da preservação e do cuidado para com as onças-pintadas e seu habitat natural.
Com doações de a partir de R$ 3 mil, é possível viabilizar a manutenção anual das bases do Onçafari, que abrigam a equipe de biólogos, veterinários e pesquisadores e que também recebem os visitantes dos projetos.
Esses bichinhos são periodicamente avaliados, por meio de coleta de amostras biológicas, que indicam sobre a saúde, fisiologia e ecologias das onças. Para tal, é preciso também de veterinários especializados e equipamentos especiais.
Os rádio-colares têm uma vida útil muito curta e um valor muito alto, de cerca de R$ 15 mil. Se quiser ajudar a colocar mais colares de monitoramento pelo país, ajude-os doando essa quantia e colabore na manutenção de vida das onças e lobos.
Com R$ 30 mil você ajuda em muitos processos que envolvem a preservação desse grande felino e garante o acompanhamento de toda a trajetória de uma onça por um ano, como se ela fosse sua, com relatórios, fotos e muito mais sobre sua “afilhada”.
Maior que tudo isso: conscientizar-se e informar o próximo já é um grande avanço na formação de pessoas críticas e mais autônomas diante da preservação e do cuidado com o meio ambiente e com toda a fauna brasileira. É o que diz o ditado: quem conhece, ama, e só quem ama, cuida.
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