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Quando ir a Atenas?
Atenas é um destino agradável o ano todo. No entanto, para aproveitar o melhor da street art e da vida cultural da cidade, a melhor época para ir é na primavera, quando as temperaturas ficam perfeitas para andar pelas ruas sem sentir muito frio nem morrer de calor. No verão, a capital fica lotada com turistas europeus; o outono é chuvoso; o inverno não é tão rigoroso quanto em outros destinos europeus, mas também há risco de chuva.
Como circular em Atenas
O melhor jeito é a pé, principalmente para conhecer a arte de rua. No centro da cidade é tranquilo e seguro fazer todo seu roteiro andando. O transporte público é bem completo, com bonde (tram), metrô, ônibus e trem. Para chamar um carro de aplicativo, utilize o Beat, que é bem popular em Atenas e funciona no mesmo esquema do Uber, com pagamento em dinheiro ou cartão. Cuidado com os táxis que tentam tirar vantagem dos turistas. Dica: tenha sempre o endereço também no alfabeto grego.
Por que conhecer a arte de rua de Atenas?
A street art é uma das formas de expressão mais genuínas dos atenienses, que sofreram muito com a crise econômica que afetou a Grécia nos anos 2000. Além de super criativos e bonitos, os grafites que decoram a cidade fazem também críticas sociais e políticas, sendo verdadeiros chamados à reflexão, a céu aberto. O mais curioso é que grande parte da arte de rua em Atenas é ilegal, o que a torna ainda mais desafiadora ao status quo. Algumas, no entanto, foram comissionadas pelo governo ou por empresas.
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ATENAS LADO B: Para um tour guiado, nossa dica é contratar a Awesome Athens Experiences, que oferece diferentes passeios, tanto no circuito turístico quanto em lugares mais desconhecidos. Os guias Kalliopi e Thomas são experts no assunto (e tem até dois livros publicados sobre a street art ateniense). A experiência Discover Awesome Street Art In Athens dura 3h e sai por € 35, reserve aqui. Neste período de pandemia, você também pode fazer uma caminhada virtual pelas ruas de Atenas pelo Airbnb.
Atenas lado B: Kerameikos
A noroeste da Acrópole, Kerameikos (cerâmico, em grego) costumava ser o bairro dos ceramistas e é onde está localizada a maior necrópole de Atenas: o cemitério data do século 11 a.C. e é um local não tão frequentado pelos turistas; lá também é possível visitar o Museu Arqueológico. Em setembro, o bairro recebe diversos festivais, que atraem muito os locais.
É em Kerameikos também que está a maior parede artística de Atenas. Inspirada nas obras em Da Vinci, o artista INO fez uma releitura da Monalisa e do Homem Vitruviano dando seu toque único: uma mancha azul (da mesma tonalidade da cor da bandeira da Grécia) em meio à pintura preta e branca. Além desta, o bairro também tem outras artes inspiradas em Da Vinci feitas em consonância com a exposição comemorativa de 500 anos do italiano. Uma das mais interessantes é a releitura da Santa Ceia, na qual os discípulos são na verdade políticos gregos – como é característico do artista, trata-se de uma crítica à política grega.
Onde comer em Kerameikos
O restaurante reinventa receitas tipicamente gregas e faz muito sucesso entre os locais; no verão, peça por uma mesa na área externa.
Kalamaki O Elvis
O melhor souvlaki em Atenas, fast food típico que lembra o clássico espetinho brasileiro servido com batata frita; há opções vegetarianas.
Atenas lado B: Psyrri
O bairro multicolorido é o mais hispter do Centro Histórico. Durante a época das Olimpíadas de 2004, recebeu muitos investimentos e se revitalizou, sofrendo um processo de gentrificação. Hoje em dia, a região é cheia de galerias, centros de exposições, bares e restaurantes moderninhos – dá pra passar um dia inteiro andando pelas ruas de Psyrri.
Lá, é possível ver a intrigante arte de rua anamórfica: o desenho muda conforme o ângulo que você o vê, tomando formas diferentes. Um dos artistas marcantes é o Mister Achilles, que costuma pintar prédios abandonados na periferia de Atenas, mas tem algumas obras em Psyrri.
Outro artista de destaque é o Paparazzi, que se inspira em fotos e em cidadãos comuns para fazer suas artes multicoloridas. Sua principal mensagem é a de que a arte une as pessoas – como Atenas tem muitos imigrantes, suas pinturas são uma forma de acolhê-los e mostrar que são bem vindos. Dica: a street art dele é uma das mais fotogênicas da cidade.
Se você vir um mural com um cachorrinho grafitado, saiba que trata-se de um dos maiores símbolos da Atenas contemporânea – Loukanikos tornou-se famoso por participar dos protestos na cidade, sendo uma espécie de “protetor” dos manifestantes. Ele marcou tanto a história que foi até personalidade do ano pela revista Time.
Onde comer em Psyrri
O pergolado todo verdinho e as mesas no ambiente externo dão todo o charme deste local que serve comes, bebes e ótimos coquetéis.
Bougatsa Thessaloniki
É o lugar ideal para comer a tradicional torta bougatsa – um doce folhado com creme, que pode vir com diferentes recheios.
Atenas lado B: Monastiraki
É a parte mais popular de Atenas, onde ficam todas as coisas pelas quais a cidade é mais conhecida, como a Acrópole com suas Ágoras e a Biblioteca de Adriano. O bairro é acinzentado, por ser bem histórico, mas fica colorido com a street art que decora principalmente as portas das lojas.
Em Monastiraki, é possível ver as duas personalidades de Atenas: a histórica, com ruínas gregas, e a contemporânea, com muita arte de rua.
Uma obra em específico é bem marcante e representa este conflito de personalidades e gerações: do lado de uma igreja do século 16, o artista Yiakou grafitou uma flor com característica de mulher, que foi vandalizada por um fanático religioso. Após reconstruir o grafite diversas vezes, até mudando o desenho e colocando um mecanismo de proteção, a obra continuou sendo atacada. Hoje, ela ainda existe no mesmo lugar, com manchas que marcam sua história de resistência.
Onde comer em Monastiraki
Lukumades: o lukumade é um doce milenar; trata-se de uma bolinha de massa feita com farinha e servida com mel e canela, tradicionalmente. Em geral, acompanha café, chá ou chocolate quente ou é servido como sobremesa. Vá ao Lukumades para experimentar o doce em sua forma mais tradicional.
Ergon House: um empório foodie que combina comida grega tradicional e cozinha internacional em uma das locações mais charmosas e instagramáveis de Atenas. É também um hotel-boutique.
Atenas lado B: Exarchia
Exarchia não é o típico bairro ateniense. Declaradamente anarquista, seus muros, lojas e manifestações artísticas no geral tem um caráter de inquietação e mostram o descontentamento e a indignação dos atenienses com o governo. Toda a luta tornou Exarchia um local turístico com uma street art bem politizada – e, em sua maioria, ilegais.
É lá, por exemplo, que o artista Blu Walls expõe muitos dos seus grafites em forma de protestos. Blu faz questão de dizer que sua arte não é representada por nenhuma galeria ou negociante e, pra ele, espalhar a mensagem é muito mais importante que ganhar uma comissão. O maior e mais conhecido muro artístico do bairro foi feito pelo mesmo, no parque self-governed, onde as pessoas são sementes e tenta passar a mensagem de que o governo tentou calar sua população, mas todos eram sementes prestes a crescer e desflorar. Outra manifestação do bairro que rodou o mundo foi a “No Land For The Poor”, do artista Wild Drawing, que dedicou sua carreira pra trazer atenção pro problema dos moradores de rua ao redor do mundo e mostrar que eles não são invisíveis.
Onde comer em Exarchia
Um dos favoritos de Exarhia, Rosalia, é um restaurante simples, com cadeirinhas de madeiras, toalhas xadrez, música tocando e gostinho caseiro nos grelhados e pratos bem gregos. Você pode escolher entre sentar nas mesas da calçada ou desfrutar de um clima de calmaria no jardim do terraço. Experimente a salada grega para entrada e, pros fãs de carne, o paidakia, costelinhas de cordeiro grelhadas.
Para viver uma refeição como um local, o Kimatothraústēs pode ser uma opção. A apenas 10 minutos a pé do Museu Arqueológico Nacional, o restaurante é bem autêntico na decoração e genuinamente caseiro em seus pratos bem variados entre saladas frescas, vitelas, frango e carnes no geral. A proposta é de buffet, onde você paga € 4,50 por um prato pequeno e € 7 por um grande.
Atenas lado B: Omonoia
Bem no centro de Atenas, mas um pouco mais afastada da região turística, Omonia é um bairro que carrega muita cultura de seus imigrantes em seus milhares de restaurantes, padarias e até do seu conhecido Spice Market. A região apesar de não ser muito popular entre os turistas mais tradicionais, atrai muitos curiosos e compradores para seu Mercado Central, de onde sai muito queijo, carne, peixe e especiarias pras barracas de rua e tavernas da cidade. Já quando o assunto é arte, Omonoia carrega alguns pódios.
A Praying Hands é a arte de rua mais conhecida e, provavelmente, a mais amada de Atenas. As mãos rezando de ponta cabeça, tem como símbolo que Deus está rezando por Atenas e foi feita na época da crise econômica do país. Contraditoriamente, também foi a street art mais cara já feita na cidade, custou aproximadamente 10 mil euros e foi encomendada pelo governo, tendo em vista que a Grécia é muito ligada à religião.
O bairro também abriga a arte mais alta da cidade, a Snowblind. A obra, feita pelo artista INO, que já mencionamos acima, retrata um homem cegado pelo poder e pelo dinheiro, embora o que realmente esteja em questão é a sua saúde. O grafite foi encomendado pela associação de doenças no fígado de Atenas para promover a conscientização sobre Hepatite C e passa a mensagem bem forte de cuidar mais da saúde e ligar menos pro dinheiro.
Onde comer em Omonoia
Se está em Omonoia, não se pode fugir muito do tradicional. O Athens Central Market (Varvakeios) é o principal mercado de alimentos de Atenas, onde você pode degustar de bons queijos vetas, ervas, frutas, vinhos e principalmente das azeitonas, um local completo para saborear a verdadeira gastronomia grega. De mais conhecido, você pode tomar um copo de ouzo com tapas gregas no seu Kafeneio ou experimentar uma variedade de sopas no Epirus. Com uma pegada multicultural, você também vai encontrar de tudo um pouco, pro melhor da comida paquistanesa e indiana, vá ao Pak Tikka.
Atenas lado B: Metaxourgio
O bairro de Metaxourgio está localizado ao norte do Centro Histórico de Atenas. Sua reputação é de transição, isto porque depois de um longo período de abandono, no final do século 20, ele passou a ser revitalizado para se tornar um bairro alegre, difuso e revigorante com a ajuda da abertura de galerias, bibliotecas, museus e alguns cafés hipsters. O esforço da população para torná-la um espaço democrático e artístico é tanto que hoje Metaxourgio recebe todo ano, em abril, o Festival de Street Art, com amostras, comida boa, encontros e pontos focais de apreciação da arte contemporânea. O bairro também esbanja a boa gastronomia e é considerado o melhor lugar pra experimentar as tapas gregas de forma barata e desfrutar dos melhores coquetéis.
Entre seus paredões você com certeza vai se deparar com pinturas de Simple G, uma das promessas da arte de rua. Seu grafite So Many Books, So Little Time é um dos mais aclamados, estampado na parede de um prédio residencial do bairro. Seu trabalho de artes plásticas e de caráter mais realista, feito com tinta spray (!), queria passar a mensagem sobre o crescente vício das pessoas em telas e o fato de que elas passam menos tempo lendo livros.
O artista grego Sonke tem marca registrada em muitas ruas da cidade, e claro, também deixou suas lembranças nas paredes de Metaxourgio. Com o corações vermelhos e uma figura feminina de cabelos ondulados nos tons de preto e branco, o pintor de pouco em pouco vai criando sua identidade mundo afora e hoje já é provavelmente o artista de rua mais instantaneamente reconhecível em Atenas. E fun fact: suas obras foram maturando depois que sua namorada terminou com ele e desapareceu de sua vida.
Onde comer em Metaxourgio
Um espaço estratégico e aconchegante localizado na Metaxourgio Square. É moderninho e ao ar livre, ideal para sentar, prolongar a visita e curtir drinks com música ao vivo.
Café-bar perfeito pra tomar um bom expresso de tarde. Seu ambiente é descontraído, com uma decór retrô-românica e com um público jovem hipster.