Ainda fora da rota dos brasileiros que vão à Bolívia, Samaipata é uma cidadezinha que descansa aos pés dos Andes a 3 horas de Santa Cruz de la Sierra.
Casa do intrigante sítio arqueológico El Fuerte, de belas vistas para as montanhas e do Parque Nacional Amboró, sua vibe mística e natureba atraiu uma pequena população de estrangeiros que se fundiu aos cerca de 3 mil habitantes locais. O centrinho pacato de casinhas coloridas com cactos crescendo nos telhados exibe um mix harmônico entre os bolivianos e os empreendimentos dos gringos: pousadas simpáticas, cafés e restaurantes charmosinhos e lojas de artesanato.
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A primeira impressão ao chegar a Samaipata é a mesma de quase todos os outros lugares da Bolívia: um lugar empoeirado, que neste caso surge depois de uma igualmente empoeirada estradinha de terra. Aliás, para nós, brasileiros, a localização da cidade é interessante para quem aproveita os voos diretos de São Paulo a Santa Cruz de la Sierra, já que em Santa Cruz mesmo não há nada pra ver e Samaipata está a apenas 3 horas de van de lá. Também é uma boa para quebrar a viagem entre Santa Cruz e Sucre, já que ela fica no meio do caminho entre as duas.
Passei 3 dias deliciosos em Samaipata que se resumiram em simplesmente curtir a natureza (um dia de trilha, outro de cachoeira) singular da região, coberta em parte pelos Yungas (zona de transição entre a vegetação da Amazônia e a dos planaltos andinos), comer brownies veganos, conversar com ripongas bolivianos e estrangeiros que se vivem ali e bater cartão no La Boheme, um bar de australianos que vende cervejas locais. Samaipata é um lugarzinho especial que adotou os estrangeiros sem descaracterizar a cultura local, e que dá aquela sensação de se esquivar da multidão de turistas pra descobrir algo que não muita gente conhece. Veja aqui o que fazer, onde comer e onde ficar em Samaipata.
Como chegar a Samaipata:
As vans para Samaipata saem de Santa Cruz de la Sierra do “Salida a Samaipata Estrellita”, como está no Google Maps, e custam cerca de 30 bolivianos (R$ 15) por pessoa – é só aparecer por lá. Há ônibus noturnos entre Sucre e Samaipata que viajam por 10 horas numa estrada bem suspeita – eu preferi voltar a Santa Cruz de van e pegar um voo a Sucre, mas falei com muita gente que pegou o ônibus e achou bem ok.
*O Carpe Mundi viajou à Bolívia com apoio do Hostelworld, o principal site de reservas de hostels do mundo.
O que fazer em Samaipata:
Fazer uma trilha no Parque Nacional Amboró
Samaipata está próxima de uma das bordas desse gigante parque nacional que abrange mais de 440 hectares de área protegida com uma porção de ecossistemas diferentes e fauna e flora riquíssimas (são mais de 800 espécies de pássaros). A melhor agência de turismo da cidade, a Michael Blendinger Nature Tours, tem uma porção de tours para conhecê-lo: passe na agência assim que chegar na cidade. O mais básico é a caminhada de 4 horas pela vegetação dos Yungas, entre mirantes e plantas excêntricas como samambaias gigantes. Outra opção de duração similar é a que visita os Refugio Los Volcanes, uma curiosa formação montanhosa. Pra quem quiser ver mais, há trilhas mais longas com pernoite em acampamento.
Curtir as cachoeiras de Las Cuevas
A 40 km de Samaipata, Las Cuevas guarda uma série de quedas d´água, maiores e menores, com poços para banho e trechos de areia onde dá para esticar uma canga e relaxar no sol – Samaipata tem clima ameno; a temperatura durante o dia costuma ficar entre os 25 e 30 graus mesmo no auge do inverno, em julho. Para ir, combine com um táxi no centrinho. Evite os fins de semana, quando enche muito.
Embarcar no tour ao ninho dos condores
Faça esse passeio com a Tucandera Tours, de preferência com o guia Saul Arias Cessio, especialista em pássaros. Ele leva até esse ponto nas montanhas que abriga uma grande concentração de condores andinos, uma ave enorme que chega a 3 metros de envergadura e 15 kg que você pode ver voando de relativamente perto. Na volta, peça para ir à bonita cachoeira La Pajcha.
Visitar o sítio Arqueológico El Fuerte
Acredita-se que El Fuerte tenha sido um centro religioso, administrativo e residencial ocupado por diferentes povos desde o ano 300. No século 14, era dominado pelos incas, que fizeram ali uma capital e forte contra invasões de outros povos, como os chiriguanos. A localização estratégica do lugar também foi reconhecida pelos espanhóis, que exploraram minas de prata nas redondezas – depois da fundação de Samaipata, El Fuerte perdeu a importância. O centro do conjunto, envolto por montanhas, é uma rocha de arenito avermelhado com 220 metros de largura cheios de desenhos encravados. Ao redor dele tem caminhos e placas te levam a outras ruínas, de antigas casas e terraços usados para plantio – dá pra ficar pelo menos umas duas horas ali. Combine com um táxi a ida e volta em Samaipata.
Passear no centrinho
O centro de Samaipata é mínimo e fica disposto ao redor de uma pracinha arborizada onde está a Igreja Nossa Senhora de la Candelaria. Ali estão o La Chakana, um restaurante fofinho que tem menus completos bem baratos, e o La Boheme, um bar animadinho com vários ambientes e onde todos os gringos da cidade vão toda noite (peça a cerveja El Fuerte, que um austríaco doido produz por ali). Na Calle Sucre tem outros dois restaurantes bons, o La Cocina, de comida mexicana e hambúrgueres, e o Tierra Libre, que tem um pátio legal ao ar livre. Na Calle Arce, vale ver o Mercado Municipal Casta Hurtado, que tem estandes de comida e balcões com senhorinhas cozinhando panelões para o almoço – o último serve PF’s vegetarianos feitos por um boliviano riponga. Quase ao lado do mercado fica o Café Tango, com docinhos orgânicos. Na Calle Bolivar tem outro café coloridinho, o Caff’é Art.
Onde ficar em Samaipata:
Landhaus (diárias a partir de US$ 20)
Instalado numa casinha rústica com bonita área verde, essa pousada de donos alemães tem quartos confortáveis, wi-fi decente, piscina, sauna e restaurante. A pracinha central está a 700 metros.
Casa Lynda (diárias a partir de US$ 23)
Bem no centrinho, é uma pousada fofinha e simples numa casa colonial branca e azul com jardins floridos, quartos limpinhos e bom café da manhã.
Hostel Serena (a partir de US$ 12 no quarto coletivo e US$ 38 no privativo)
Envolvo por jardins floridos com redes nas quais você pode deitar e ter vistas para as montanhas, o hostel tem uma casa simples com bons quartos. Não tem wi-fi, mas sim uma seleção de livros e jogos de tabuleiro para empréstimo. Fica a 700 metros do centrinho da cidade.
Refugio Los Volcanes (a partir de US$ 85, com todas as refeições e caminhadas)
A 40 km de Samaipata, é a hospedagem mais sofisticada da região: um lodge entre a bonita cadeia de montanhas Los Volcanes e uma propriedade cheia de trilhas, cachoeiras e piscinas naturais. Há seis quartos dispostos em chalés e restaurante que serve comida plantada no local, incluindo o café. Diz-se que um dos melhores lugares da Bolívia pra observar o céu (foto ao lado).
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Olá!
Adorei o seu post, me inspirou a reservar 2 dias pra conhecer esse paraíso e desfrutar dessa paz.
Tenho uma dúvida: de Samaipata tem transportes para Sucre? Pois vi que o bus de Santa Cruz para Sucre passa por Samaipata e que é até uma opção pra quem vai pra Samaipata.
Obrigado e lindo o site!!
Bjão
Vocês os Brasileiros sempre falando e colocando mal a Bolivia, sempre olhando inferiormente, e peyorativamente, “Samaipata é a mesma de quase todos os outros lugares da Bolívia: um lugar empoeirado, que neste caso surge depois de uma igualmente empoeirada estradinha de terra. “, mas por acaso Bolivia oferece muito mais do que isso aliais de pessoas muito hospitaleras, e com muita recetividade, coisa que outros paises não tem.
Se vão a falar do meu pais, falem bem por favor e façam boa propaganda, obrigado.
Oi, Jhon! Sinto muito que você ficou com essa ideia, nunca foi nossa intenção. O trecho que você apontou se refere apenas à primeira impressão do lugar, que muda completamente depois da experiência. O parágrafo seguinte já diz “Passei 3 dias deliciosos em Samaipata” e depois só elogia a cidade. A Bolívia é incrível e esperamos que cada vez mais brasileiros possam visitá-la (:
Adorei o Post. Estava planejando ir só até o noroeste da Argentina e norte do Chile e voltar pro Brasil por Corrientes e Foz do Iguaçú, mas as pesquisas sobre a Bolívia estão me inspirando a cruzar o país e retornar por Corumbá.
Obrigado Bruna.
Ah, e Jhon, “empoeirado” tem mesmo um tom negativo em português do Brasil, mas, pelo menos pra mim, neste post deu um tom de cidade bucólico, rústica, como é muito comum de se ter no sertão nordestino brasileiro ou em cidades pequenas no litoral brasileiro em que só se chega por estrada de chão, muita poeira, mas ótimos refúgios pra quem quer curtir a natureza.
Não tem nada pra fazer em Santa Cruz de la Sierra,acho q está mal informada.
Oi Parreira. Não tem mesmo, por isso eu indico ir a Samaipata 🙂
Olá, as vans de Samaipata pra Santa Cruz saem a toda hora ou só regressam no final do dia? Pois gostaria de ficar hospedado por lá e volta por volta de meio dia chegando em Santa Cruz final da tarde. É possível?
Ótimas dicas!
Aproveitando o espaco gostaria de uma ajuda , me chamo Marcia, moro no Brasil,meu pai foi batizado nesta cidade Samaipata,o mesmo saiu da Bolivia depois dos 18 anos, nunca mais retornou, infelizmente o mesmo faleceu aqui no Brasil.Estou a procura de meus avos, tios ,e quem mais eu possa encontrar depois de muitos anos.o unico documento que possuo é uma carta.,resumindo preciso de algum telefone de Samaipata,orgao publico para que eu possa dar prosseguimento a minha procura por algums parentes .Se caso alguem pudr ajudar desde já agradeco a atencao.meu e_mail [email protected]
Eu amo a Bolívia! Tudo lindo e maravilhoso. Gente amável, comida gostosa, lindas paisagens.